quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Testemunho JMJ

A Jornada Mundial da Juventude em Madrid, não é um acontecimento fácil de expor em palavras. De certa forma, a Jornada começa com a visita da cruz que, o agora beato, João Paulo II entregou aos jovens, para que desse a volta ao mundo, a Jornada começa quando se toma o peso dessa cruz já carregada por milhares de jovens, começa quando se sente o peso de uma parte da Igreja que me acolhe. No entanto, a verdadeira Jornada vive-se em Madrid, onde acontece a Igreja Universal.
Sinto que não parti com uma expectativa demasiado elevada, sinto até que não sabia o que esperar da Jornada Mundial. Madrid revelou-me uma semana cheia de tudo. Cheia de peripécias, de sustos, de cansaço e, sobretudo, cheia de amor, de atenção, dedicação e entrega...
No primeiro dia, visitei a exposição da Madre Teresa de Calcutá, na Casa das Missionárias da Caridade e, além do esplendor da vida da beata que me comove pela dimensão da simplicidade, retive, pelo que ia lendo nos painéis ao longo dos corredores, a imagem de uma fruta apodrecida numa fruteira. Naturalmente, essa fruta apodrecida aprodeceria as restantes frutas à sua volta e, aqui, comparo um pouco com a experiência de Madrid, houve momentos desagradáveis que poderiam ter “apodrecido” a semana, no entanto, isso não aconteceu... Esses momentos que foram surgindo apenas nos mostraram a firmeza da nossa fé.
Senti que, em Madrid, aconteceu magia. Senti o poder do amor de Deus actuar e tornar-se cada vez mais visível, mais fáil. Senti em cada olhar, sorriso e palavra uma manifestação desse amor. Senti como é bom continuar a crescer ao lado daqueles que partilham comigo esta magia, como é bom crescer nesta Igreja jovem presente nas ruas, nas praças, nos metros, nos comboios de Madrid.
Em Madrid, soube bem a dureza e a simplicidade. Soube bem a dureza do cansaço que contava a história de mais um pedaço de caminho. Soube bem aperceber-me da grandeza do beato João Paulo II, no espectáculo do Wojtyla. Soube bem rezar vésperas no meio da rua, soube bem a simplicidade dessas paragens para nos manterem em ritmo de oração. Soube bem adentrarmo-nos na confusão para ficarmos apenas mais próximos. Souberam bem as partilhas, à noite, na aparente quietude de Móstoles. De certa forma, começou a saber bem os contratempos, o pó do aerodromo, a chuva durante a Vigília, pela união que se criou. Soube bem, em cada dia, darmos as mãos ao rezar o Pai Nosso e sentir a enormidade do abraço da paz, apesar de só abraçar aquele que está junto de mim, é um acto que se torna uno, ali entre dois milhões de jovens.
De Madrid ecoam ainda as palavras do Santo Padre “Deixai que esta Palavra penetre e crie raízes nos vossos corações, e sobre ela edificai a vossa vida. Firmes na fé, sereis um elo na grande cadeia dos fiéis... A Igreja precisa de vós e vós precisais da Igreja”, chego a Portugal este desafio de radicar a minha fé em Cristo e a tornar-me cada vez mais firme na fé da Igreja alimentada pela Palavra de Deus.
Agora que recordo Madrid, lembro a agitação das ruas, lembro o cruzar-me com tanta gente desconhecida que esteve ali e que vive fortalecida pela mesma alegria que eu, lembro a “independência” responsável, a liberdade entrecortada pelo susto, a adrenalina da distância e do sentir perto. Agora, sinto Madrid como cidade de contraste, um contraste são, agradável. O contraste de querer estar fora, estando dentro, o querer partir e ficar...
De Madrid, retenho também o desafio de ser aquilo que devo ser e assim pegar fogo ao mundo inteiro, como concluia a mensagem transmitida no musical Wojtyla.
Na certeza desta fé mais firme, hoje confio ao Senhor, as palavras de Bento XVI na homília da eucaristia do envio no aerodromo de Quatro Ventos, “Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a Tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela Tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas Tuas mãos a minha vida inteira”.

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