terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Metro da Felicidade





Pode ser um bcado inútil, mas gosto de ler o "Alfaiate Lisboeta" e ontem fiz um grande like :)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Astrónomo e a brisa da noite

“Eu sei que Tu estás aí!” - Gritou de novo o astrónomo, sozinho, no meio da noite. O frio entrava-lhe pelas mangas, o pescoço doía-lhe de tanto olhar para o céu. “Deus, eu sei que Tu estás aí. Dá-me um sinal da Tua presença”. Mas mais uma vez ninguém respondeu.
- Sei que Tu estás aí, Deus Antigo, Deus Imenso - sussurrou o astrónomo. Sei que Te moves devagarinho enquanto as estrelas avançam, lentamente, pela noite. Sei que estendes os Teus braços por milhões de anos-luz até às galáxias distantes. Sei que és muito grande e que brincas com Saturno quando o escondes no horizonte. Sei que no Teu jardim plantas constelações feitas de estrelas. Sei da lágrima que choras em cada estrela cadente. Sei que Tu és Antigo, mais Antigo que a própria Terra. Mais Antigo que esta terra que piso e em que um dia hei-de morrer. Eu sei, mas dá-me um sinal da Tua presença.
Esperou. Mas mais uma vez ninguém respondeu. Durante cem noites o astrónomo subira a esta colina. Durante cem noites esperara ansiosamente um sinal, um sinal por mais pequeno que fosse de que estava certo e de que os seus colegas estavam errados. De que ele estava certo quando dizia haver um Deus maior que tudo. Que eles estavam errados quando diziam que era tudo fantasia sua. Que ele estava certo quando dizia que havia um Criador. Que eles estavam errados quando lhe respondiam com fórmulas matemáticas e com teorias de uma explosão inicial que tudo explicaria. E quando se riam na sua cara. E quando o tratavam como cientista de segunda. Agora, pela última vez, voltava-se para cima e pedia um sinal. Nem pedia um sinal para eles. Pedia apenas um sinal para si, um sinal que lhe permitisse dormir em paz, apesar das gargalhadas dos outros. Mas passaram-se cem dias e cem noites e o sinal não veio. Desistiu. Abandonou-se à brisa, a mesma brisa suave e fria que soprava desde a primeira noite e que tantas vezes o irritara por não o deixar concentrar-se.
- Olá -disse uma voz jovem e descontraída.
- Boa noite. - Disse o astrónomo surpreendido. - Não te vi. Como chegaste aqui sem que te sentisse? Perdeste alguma ovelha?
- Estava a ver é que te perdia a ti. -Respondeu a voz, a sorrir. -Cem vezes pediste um sinal. Cem vezes te toquei com a minha brisa. Creio que hoje te preparavas para não voltar.
- Senhor, Meu Deus! Sois Vós? O Altíssimo? O Deus Antigo? O Deus Imenso?
- Bem, se me preferes chamar assim...
- Senhor, Altíssimo, Tu não devias estar lá em cima nos céus? Não é lá que Tu moras? O que estás a fazer aqui?
- Onde eu moro não brilham estrelas, a não ser quando o coração de algum homem se converte ao amor. Nem há constelações, a não ser quando dois ou mais se reúnem em Meu nome. Moro onde tu moras. Compreendes?
-Tu moras onde eu moro?! Eu moro numa casa tão pequena e Tu és tão grande!
- Só é grande quem se encaixa no pequeno por amor.
- Sempre pensei que moravas no céu e que por isso o céu era tão grande. Sabes, às vezes ficava horas e horas sem fim a olhar a imensidão das estrelas e a pensar em Ti. - Eu sei. Eu vi-te quando te comoveste, encostado à figueira, a olhar o céu. Fiquei com vontade de te contar tudo, sobretudo de te dizer isto: O universo não é a minha casa. É a tua. É a casa que Eu criei para ti e para todos os homens. Sabes, às vezes os pais montam casas para os filhos...
- Mas então porque é tão grande o universo? A nós chegavam-nos umas quantas montanhas e outras tantas planícies...
-Sim, se calhar tens razão. Talvez tenha exagerado. Sabes como é, uma pessoa quando é Deus pensa nos homens e entusiasma-se... Pegamos em papel e lápis e desenhamos o Sol e a Terra, um à frente do outro. “Terão a Terra para habitar e o Sol para os aquecer”, pensamos. Fica bem, mas ainda está tudo muito parado. Pensamos então em pôr a Terra a rodar à volta do Sol para haver anos e darem pelo tempo passar. E pomo-la a rodar sobre si mesma para haver dias e noites e poderem recomeçar a vida de novo cada manhã. E já agora inclinamos um pouco o eixo para poder haver estações, e sementeiras e colheitas no tempo certo, e festas. A Terra até fica bem assim -um belo planeta para os homens! - e resolvemos então pôr mais planetas à volta do Sol. Todos diferentes, uns maiores, outros mais pequenos, um com anéis, outro com satélites. Quando damos por ela já vai em nove e resolvemos que chega. De facto de dia chega, mas de noite achamos tudo bastante escuro. Os homens, de noite, morrerão de tédio, pensamos. Começamos então a desenhar estrelas e mais estrelas. Primeiro uma pessoa pensa em pô-las todas alinhadas. Depois começa-se a desarrumar tudo e a fazer constelações. Será bem mais divertido para os homens olhar um céu assim... Começamos com uma constelação, e já agora outra ali mais ao lado, e quando damos por ela já vamos em milhões de galáxias a milhões de milhões de anos-luz. E já agora umas nebulosas, e já agora uns cometas de vez em quando para que fique tudo mais emocionante, e já agora a Lua, para que o mar tenha marés-cheias e marés vazias e eles tenham semanas e ao sábado se possam apaixonar.
-Tenho uma pergunta, Senhor. É uma pergunta um pouco embaraçosa. Os meus colegas dizem que Tu não criaste nada. Que tudo aconteceu numa grande explosão, há muitos milhões de milhões de milhões de anos.
- Bem, imagina que Eu decidi criar através de uma explosão...? Não posso criar da maneira que achar melhor? Também as árvores nascem devagarinho das sementes, isso eles entendem. Entendem que a árvore já lá está toda naquela semente pequena que o tempo irá regar. Eu é que não entendo os teus colegas. Se houve uma explosão, alguma coisa tinha de existir primeiro para que depois houvesse explosão, não é? Os homens, quando descobrem as leis do universo, sentem-se tão contentes que se esquecem de que para haver leis foi preciso que eu inventasse essas leis. Esquecem-se de que para que alguém possa descobrir, alguém antes teve de criar.
- Desculpa-me o atrevimento, Senhor, de Te fazer tantas perguntas, agora que Te tenho aqui à mão... Mas então a Bíblia? Não diz que Tu fizeste tudo em sete dias? Eles dizem que um universo assim nem em sete milhões de anos.
- Os homens esqueceram a poesia. E sem poesia não entendem quando Eu falo. Esqueceram que sete quer dizer plenitude. A plenitude do Meu amor. É isso. É só isso que precisam de saber, para depois poderem olhar pelos telescópios e não se perderem. A Bíblia não diz como criei, diz que criei tudo para vocês, por amor. E explica como é que podem usar de tudo com amor e serem felizes. A Bíblia não é um manual de fabrico, é uma espécie de manual de instruções, percebes?
- Mas então Tu não te importas que nós olhemos o céu com telescópios? E que depois vamos para casa fazer contas e escrever livros de ciência? E depois, se calhar, que nos metamos numas naves para ir ver mais de perto...
- Quero que amem a casa que vos dei. Quero que a contemplem e conheçam. Há nela recantos que ainda nem sonham que existem. Quero que usem a inteligência que vos dei e que os vossos filhos saibam mais que vocês, e que os filhos deles saibam mais que eles. Só tenho pena é que ainda saibam tão pouco.
- Não são segredos a mais? Por que é que não dizes logo tudo de uma vez? Poupavas-nos tanto tempo!
- Sim, Eu podia dizer tudo de uma vez. Podia até escrever uma legenda no céu com letras de raios laser a dizer que o autor sou Eu e que escusassem de pensar mais. Poupava-vos muito trabalho e conseguiria que todos me adorassem. Mas tirava-vos a liberdade e sem liberdade não há amor. Prefiro que me descubram pelo amor. Detestaria que me adorassem à força. Percebes isto?
- Mas, Senhor, assim há sempre quem se esqueça de Ti.
- Como é que Tu, sendo tão grande, Te sujeitas a isso?
- Maior grandeza é não se impor. Amar somente, escondido no brilho dos astros, na escuridão da noite, no soprar da brisa. Chamar sem forçar. Falar ao coração daquele que olha o universo, como quem sussurra, e esperar que me deseje. Como tu, nestes cem dias, nestas cem noites em que me abriste o teu coração e eu te desejei e tu me desejaste até quase não poderes mais.
“Deixei-Te até quase não poder mais”, concordou o astrónomo, no cimo da colina. Quando abriu os olhos não viu ninguém. Sentiu apenas a brisa da noite que lhe tocava a cara. Mas agora já não tinha frio.

“O Príncipe e a Lavadeira” (Pe. Nuno Tovar Lemos SJ.)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Do bloquinho...

"Senhor, perdoa as vezes em que eu basto a mim própria, em que o meu olhar é tudo, em que eu sou tudo no meu olhar. Em que não existe o irmão ao meu lado, em que Tu não existes no meu coração, em que a minha autosuficiência toma posse e o egoísmo tem sempre a palavra maior. Perdoa as vezes em que esqueo as coisas importantes por viver no meu mundo de horizontes curtos...
Obrigado por Te manifestares nos testemunhos dos outros... Na presença constante destes que caminham comigo, que tornam o meu caminhar sustentado, na presença destes outros que são sicómoros da minha vida.
Obrigado por os cumulares de graças."

[29 de Nov 2011]


"Dou-Te graças pelo dom da vida.
Da vida em nós, da vida dos que nos rodeiam e das vidas novas.
Dou-Te graças pelas famílias. Pelo dom das famílias. Pelo bom que é sentir esse amor que brota e é incondicional, pelas chatices que às vezes fortalecem e pelas famílias em construção e em constante renovação do Teu amor. Pelo Teu amor vivido nos nossos lares, nos nossos dia-a-dias e nas nossas amizades que são provas vivas de que existes e Te reunes no meio de nós."

[2 de Dez 2011]


"Muitas vezes caímos o erro de que o "eu" prevalece sobre tudo. E, quando não estamos bem com este "eu", dificilmente, estaremos bem com o "nós"...
Quando o "eu" se insere no "nós" o que acontece, inevitavelmente, é que o "nós" prevalece. E prevalece porque este "nós" são os nossos irmãos em Cristo, são os que entram na nossa vida e a transformam, constatemente."

[5 de Dez 2011]


"Hoje, aqui em casa, Deus trabalhou no turno da noite... Depois de um fim-de-semana meio estranho, eis que chega o domingo à noite e dou graças e louvo o Senhor pelas maravilhas que concede à minha vida. Por cada um de vós que é sustento para mim. Hoje, entrego as vezes que tenho vacilado, as vezes em que nem só Deus me basta, em que eu, os meus caprichos, os meus outros eus, bastam a mim mesma...
Hoje, Ele trabalhou no turno da noite, veio mostrar-me como é bom "embebedar-me" de luz e ser portadora desta luz no mundo...
Hoje, Ele operou na escurisão de forma a transformar os meus medos..."

[11 de Dez 2011]


"Em História da Arquitectura Clássica e Medieval víamos, como um triclinium, antiga sala de cerim+onia das domus mais ricas se transformavam dando origem num período paleo-cristão, posterior, ao local de culto, em sentido muito figurado eram uma "reencarnação da Última Ceia".
Todos os dias remos na nossa vida reencarnações da Última Ceia. Naturalmente, quando nos sentamos à mesa, damos graças e partilhamos a refeição. Cristo não se torna o pão, mas faz-se presente entre nós e na minha atitude humana, assemelho-me a Judas. Àquele que trai, que O nega. É, eu passo a vida a negá-Lo nas várias "reencarnações" que a Última Ceia assume na minha vida e em todos os outros aspectos.
Queria poder arrancar de mim esta mentira que é, esta mentira que sou e que transforma em cacos a minha frágil inteireza.
Livra-me de mim..."

[5 de Jan 2012]


"Perdoa Senhor, os passoas vacilantes do meu dia, o meu desamor, a falta de empenho, a preguiça. Perdoa estas faltas que não tenho forma de mascarar...
Ensina-me a abandonar-me em Ti, ensina-me a responder "Sim" e a levar o Teu convite de amor aos que me rodeiam, ensina-me a buscar-Te em caa minuto e a fazer do meu corpo e do meu coração Tua morada."

[8 de Jan 2012]

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Citando um grande amigo: "uma coisa que não faz falta à minha alma é espaço. Espaço vazio que sempre tentei encher, preencher, sobrelotar até transbordar!"
Eu também tenho este "espaço vazio", se pensarmos todos o temos, aquilo que fazemos com ele e como o destinamos é que varia.
Hoje dei comigo a pensar o que faço eu com o meu espaço vazio. Naturalmente, encho-o. No entanto, encho-o com aquilo que me esvazia e me torna um coração duro, de pedra. Encho-o com a arrogância e a autosuficiência do dia-a-dia, aquela que diz "não preciso disto para nada!", "não sinto falta disto ou daquilo! porque simplesmente não me deixa feliz".
Pensei o que seria isto do ser feliz... Se faço esta escolha todos os dias, se caminho para ela, não era suposto que essa escolha fosse pensada e meditada segundo "padrões" de felicidade que, admitamos, ser o olhar de Deus?
Às vezes não me sinto nada coerente, nem me sinto a dar passos no sentido da coerência.
Entrego-Te o meu dia, o que fiz para Ti e os passos que recuei perante o Teu amor.

[3Jan2012]

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Super Heróis

Esta manhã estava a pensar o quanto somos super heróis na vida uns dos outros. Mesmo sem querer, mesmo sem nos apercebermos de como o fazemos, mesmo sem que se apercebam que o fazemos.
E depois pensei que raio poderia ser o super poder de cada um. Conclui que o super poder é o mesmo, mas em cada um à sua medida. Temos o poder de sermos nós próprios sem desculpas nem alcunhas que nos mascarem. O nosso super poder é sermos nós com as coisas boas e com as limitações, os medos, as angústias, com aquilo que é próprio de cada um. E mesmo na nossa perfeição imperfeita transformamos a vida dos outros, em sentido ultra figurado, somos super heróis que escutam e falam quando chega a sua vez, que podem apenas estar, que presenciam os silêncios, abraçam e sorriem.
Não me sinto a viver num mundo de faz de conta. Sinto-me a viver num mundo onde existe dor e em que, constantemente, cravo os dedos nas feridas e as sinto abertas. No entanto, posso assegurar que a minha vida é cheia de super heróis, cada um na sua medida, mas todos a transformam e eu, na minha humildade, ponho os pés ao caminho e as mãos ao serviço para que também a vida dos outros seja repleta de super poder.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A experiência de ir aqui escrevendo ajuda-me a ordenar e a consciencializar aquilo que sou, aquilo em que acredio, na pessoa que me tornei... Ajuda-me a tomar consciência de uma forma meditada e rezada do mundo que me rodeia e do outro, o meu irmão, aquele que se faz presente nos vários momentos da minha vida.
Neste "outro" torno cada vez mais presente o amor que nutro por ele e o quanto me sinto amada, tornando este amor, oração constante.
Ao pensar neste amor, rostos chegam à minha memória e levam-me a algo a que eu chamo plenitude. A plenitude do amor em Cristo. Com Ele, n'Ele e para Ele.
"Mulher, eis o teu filho", "Filho, eis a tua mãe". Nestes rostos tenho presente as várias "mães", aquelas que me dão bons motivos para sorrir, todas me dão bons motivos para louvar a Deus.
Nestes rostos, tenho, ainda, presente os meus vários "pais", aqueles que me "emprestam" o seu caminhar mais firme, que me mostram o seu pecado sem a vergonha que mostrou Adão ("Estava nu, tive medo e escondi-me"). Estes "pais" mostram o exemplo de como o pecado também nos leva mais longe, de como o pecado nos pode levar a um amadurecimento próprio muito mais profundo.
A experiência de ir aqui escrevendo leva-me a partilhar este amor que opera em cada um de nós.
Em muitos anos eu senti-me amada e querida por esta família que me acolhe, que me tem proporcionado grandes aventuras e desafios, que me leva a dizer "Sim" a cada novo dia, como Maria o fez.
Faça-se em mim, Senhor, e no coração de cada um, segundo a Tua palavra.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Queria ter encontrado uma foto que representasse todo este ano que passou. Queria ter encontrado algo que representasse todas as lutas interiores e reflectisse o amor que nutro de cada momento.
Nesta altura, faço o balanço do ano que passou. Recordo o que foi bom e menos bom e recordo os rostos que foram cruzando, os que ficam e continuam, e vejo a felicidade espelhada deste amor em Cristo. Este amor que nos une e nos fortifica.
Sem grandes 'balanços' recordo palavras, abraços, gestos que marcaram, caminhos e passos bem firmes que além de se fixarem aos trilhos se fixam no coração de cada um...
Aqui estão os meus MIP's, aqui sinto a preserverança, a confiança, "Isto" que nos mantém seguros e que nos faz avançar juntos. Como reflectia ontem à noite, obrigado por todos juntos sermos um só conTigo, em Ti e para Ti.

Por sermos assim.
Com amor vos agradeço. Afinal, como alguém dizia "nós só devemos agradecer aquilo que não merecemos".