quarta-feira, 20 de junho de 2012



"Todos os dias penso deitar-me às dez e deito-me à uma. Primeiro vejo os mails, depois o Facebook, depois as notícias, depois não sei quê, e quando dou por mim, já passaram duas horas!".
 "É verdade! Às vezes chega a doer, aquele simples gesto de desligar o computador".
Certa vez, no café pós-almoço, estavam falar disto de andar sempre a arrastar a hora de dormir, a querer fazer mais qualquer coisa, e o formador atalhou a conversa e disparou: "o problema é o vazio afectivo".  Aquilo deixou-me atordoado; nunca ouvira falar em tal coisa; mas, com o tempo, reconheci que tinha razão: fazemos braço de ferro com o sono porque precisamos de preencher o vazio afectivo que vai cá dentro. E tentamo-nos encher com isto e mais aquilo. Mas há um momento em que temos que dizer: basta!".
Outro entrou na conversa: "eu também tenho feito esse exercício de deitar mais cedo: até já pus um alarme no computador: às 23 horas o computador bloqueia. Só posso continuar se meter a password". E disse ainda, quando já se levantava para ir embora - "o pormenor decisivo é que a password é "Jesus é o Senhor". Assim sinto-me suficientemente confrontado: se estiver a fazer uma coisa realmente importante, continuo. Se não, ponto final, parágrafo: vou-me deitar!".

Quais são as passwords da nossa vida?

“Com a cara encostada ao vidro, vejo a minha respiração condensar-se. Há casas pequenas lá em baixo, e campos, e um bosque, e um rio, talvez. Algumas almofadas de nuvens na distância. O ruído dos motores é constante, mas a música que oiço esconde-o.

Posso imaginar, vista do chão, a paisagem que sobrevoo. Tenho histórias para cada uma daquelas pessoas que moram em cada uma daquelas casas. Há mil passeios para dar naqueles campos, naqueles bosques. Mas a verdade é que vou para mais longe, onde a paisagem será diferente.

Penso em viajar como a forma mais irónica de descobrir a que sítio chamar «casa». É preciso pôr mil, dois mil, dez mil quilómetros entre mim e esse sítio para perceber onde ele fica. É preciso falar todas as outras línguas para perceber que a língua que falo é aquela que diz as coisas que eu sou.

Por isso todo o caminho é de regresso. Porque esse é o único movimento possível — onde quer que se regresse.

Acende-se a luz do cinto de segurança. Há alguma agitação e alguma turbulência. Começamos a descer, passamos por dentro de uma nuvem. A paisagem aproxima-se lentamente.

Começa a viagem.”


Qual é o tipo de aterragem que praticamos na nossa vida?

Comecemos por aterrar no amor...
Coloquemos diante de nós o Deus Amor.
Todos entendemos a linguagem do amor, todos sabemos o que significa dizer “Amo-te com todo o coração”. O coração de Deus é um coração aberto, exposto, um coração que se derrama, é o coração do nosso Senhor. Diante de nós o Seu tesouro não se contém e despe-se, entrega-se, procura-nos, ama-nos sem medida.
É assim que Deus nos ama, totalmente, absolutamente, sem nenhuma reserva nem nenhum cálculo. É Deus, é assim o Seu amor e a Sua ternura. Hoje, vamos deixar-nos embalar, mimar pelo Senhor. Ele está ansioso por nos trazer nos braços, por nos atrair a Si, por nos pegar ao colo. Façamo-nos crianças, levantemos os nossos braços, o Amor inclina-se para nos pegar.

Imaginemos a rebentação das ondas nas rochas...  "Um coração inquieto protege-se do mar com pedras grandes e pontiagudas; e o resultado são estas explosões de espuma e água que causam estrondo". "Um coração em paz não é assim. Um coração em paz é como uma praia. Sabe que o mar é muito maior em extensão, profundidade e comprimento; acolhe as ondas de braços abertos; aceita tudo o que trazem e tudo o que levam. Um coração saudável é aquele que se deixa moldar pela vida". 

Evangelho
Jesus caminha sobre as águas (Mateus 14)

Convívios Lx (19 de Junho 2012)




Preparar este encontro deu-me a bagagem de rezá-lo várias vezes. De meditá-lo. De sublinhá-lo e de insistir nas cores. Deu-me a bagagem de rezar a minha vida à luz das várias perspectivas que vou tendo e descobrindo do mesmo assunto.
É preciso que eu reze a minha vida, que me distancie e me procure. Que reserve passwords especiais na minha vida e que saiba usá-las na hora oportuna. Que tenha a coragem de viajar e encontrar outros lugares aos quais chamar "casa". Porque se eu só amar o que conheço, o que está próximo e me deixa confortável nada faço de extraordinário.
Vivo no meu "vazio" cheio afectivo a tentar constantemente encher-me com mais isto e mais aquilo e esqueço que é preciso falar todas as outras línguas para perceber que a língua que falo é aquela que diz as coisas que eu sou.
Que tipo de aterragem pratico na minha vida? Como aterro? Dispo-me, entrego-me, procuro e amo sem medida?
Antes tenho um coração inquieto, que se protege do mar com pedras grandes e o resultado são explosões de espuma que causam estrondo. Eu quero ser absolutamente e sem reserva nem cálculo. Quero ser um coração de paz e saber que o mar é muito maior em extensão e profundidade e aceitar tudo o que trazem e o que levam. Ser um coração saudável que se deixa moldar pela vida.
E, em todo este processo, que a password seja "Jesus é o Senhor", é Aquele por quem me deixo embalar e mimar, pegar ao colo e inclinar-se para me dar de comer.

domingo, 17 de junho de 2012


Chega o final de mais um semestre... O final do segundo ano de faculdade. Diz a Joana a propósito de cenas e coisas que não é altura de pensar "nisso" em "véspera de época de exames". Tem razão, mas é difícil não pensar... Chegado o fim de mais um semestre é altura de balanços. E o balanço deste semestre/ano é difícil de constatar, de pensar, de sentir. Foi difícil aperceber-me daquilo que sempre ouvi dizer e que eu não queria realmente confirmar... Não queria confirmar que na minha vida pessoal não há espaço para grande parte das pessoas da vida académica, porque é difícil confiar, confiar-lhes... É mais fácil que continue a "haver uma linha que separa" as "duas vidas"... Está a ser um final de ano difícil de engolir por causa destas merdas, que vêm chatear, desconcertar e desconcentrar... E, realmente, como diz a Joana, não é altura para se pensar nisto, mas é preciso que me queira debruçar sobre isto e pensar sobre isto e abrir os olhos para isto...O resto do balanço virá com os resultados finais, foi um ano mais calmo que o primeiro, pelo menos até agora. Pelo menos sinto-me menos frustrada que no final do ano passado, onde houve stress, chatices e muitas lágrimas por ninharias. Quero serenar, quero aprender a fazer e fazer uma coisa que até aqui não tenho feito muito bem, que não soube fazer, que não esclareci comigo própria, que noutros sítios é "canja" e aqui... coiso! Quero saber amar aqui e poder olhar com amor quando as minhas mãos pegam num lápis e desenham e projectam, pegam num x-acto e em cola e fazem maquetes, pegam nos resultados finais e estão confiantes no trabalho final e no quanto se esforçaram... A firmeza não tem de ser só na fé. A firmeza pode e sinto que deve partir da fé, mas se não se manifestar no meu eu (que não tenho encontrado) e nas minhas acções diárias, algo está incoerente... Algo não sou eu...