quarta-feira, 23 de março de 2011

"A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!" (Jo 6, 68)

Reza a história que, aquando da orientação de um retiro, o orientador questionava-se sobre o que iria falar, o que iria pregar e quando perguntou directamente obteve a seguinte resposta: "Ora, fale de Jesus!"

Também João César das Neves, em Deixem-me Falar-vos do Impossível, pede, já quase no fim, que o deixem falar de Jesus Cristo.

"Quando os santos no-Lo mostram presente, aqui e agora, de que podemos falar senão d'Ele?"

Mas que significa falar de Jesus Cristo?

O autor continua: "Falar de Jesus Cristo é falar de felicidade, é falar de alegria, é falar de paz. É esse o sinal de Cristo. A verdadeira felicidade é o sinal, é o sacramento da presença de Cristo no mundo. A felicidade é a presença de Cristo em nós."

Uau! Que forma fantástica de explicar a felicidade! Melhor que os clichets da felicidade ser uma forma de bem estar, por exemplo. Ainda há pouco tempo, a felicidade, foi o tema lançado numa aula de Antropologia do Espaço. Perguntava-nos a professora o que era para nós a felicidade. Uns avançaram com a ideia, lá está, de bem estar, outros com a questão de estado de espírito e ainda houve aqueles, que como eu, se mantiveram quietos ou irrequietos na cadeira do auditório, numa atitude de "vamos escapar à pergunta".
Agora pergunto-me porquê. Por que não avancei com aquilo que é a felicidade para mim? Por que não desertei para um comentário, tipicamente, meu que nem sempre é aceite no meu grupo de amigos que estão à margem do 'meu' mundo? Por que optei por negar, talvez até a mim própria, que sou, realmente, feliz porque tenho Cristo comigo?

Há um tempo, também me disseram que houve um dia em que se aperceberam da Sua presença no trabalho através do Cristo Redentor. A partir daí, quase todas as manhãs, enquanto vou no 723 a descer a Alameda das Universidades, para mais um dia na FA, também O vejo, ao Cristo Redentor de braços abertos que também me abraça em mais um dia de trabalhos e projectos. Então, sinto-O lá. Creio que, ainda ontem, logo pela manhã, sentia-me mesmo alegre e enviei um SMS a uma amiga que dizia "Alegria, alegria, alegria!!", surge a resposta "Toda tu és alegria! A que se deve toda esta alegria?" e depois o comentário palerma, tipicamente, meu "Não tive aulas! Nhecs! Está um sol bestial! Cheira a Amor! E UOU!! Estava lá o Cristo Redentor de braços abertos [e aposto que sorriu para mim, quando sorri para Ele]".

Ainda que por vezes, não seja aceite ou pensem "que bicho estranho que ela é", é assim que sou feliz! A viver Cristo, a viver da palermice do Seu Amor, a mostrá-Lo! Isso é felicidade :)

Quero ainda partilhar uma oração de outro livro que acabei hoje mesmo.

«Jesus, não esperarei, vivo o momento presente, enchendo-o com amor. A linha recta é feita de milhões de pequenos pontos unidos uns aos outros. Também a minha vida é feita de milhões de segundos e de minutos unidos uns aos outros. Coloco em ordem cada ponto e a linha será recta. Vivo com perfeição cada minuto e a vida será santa. O caminho da esperança é calçado de pequenos passos de esperança. Como Tu, Jesus, que fizeste sempre o que agrada a Teu Pai. A cada minuto quero dizer-Te: Jesus, eu Te amo, a minha vida é sempre uma "nova e eterna aliança" conTigo.
A cada minuto quero cantar com toda a Igreja:
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...»


Cinco Pães e Dois Peixes, Francisco Xavier Nguyen Van Thuan

Who Am I?

Casting Crowns - Who Am I?


Alguém dizia que quanto mais o tempo passa, mais a história se repete. Mais se repetem os olhares poucos profundos daquilo que somos e pouco acrescentamos ao nosso conhecimento pessoal, quando na verdade, o que é necessário é olharmo-nos com 'olhos de ver' e percebermos quem somos, deixarmos os olhares limitados e aprofundar a verdade, vermos um ser completo, não uma máscara. Lembro que Deus não ama as máscaras, ama aquilo que cada um é, ama quem Ele próprio sonhou e, por fim, deu forma.
Mas o que é isto de ser um 'verdadeiro eu'? Fará parte do processo negar um 'eu' sem certezas de ser verdadeiro ou não?
Eu questiono se este 'eu' será o meu ou se estarei a viver um outro 'eu' que não me pertence. No entanto, se não me pertence, se não é meu, se não sou eu, todos os meus desejos, aspirações, ideais serão falsos, uma vez que, se este 'eu' não é verdade, eles também não serão verdade em mim...
O mesmo alguém dizia que era como uma maçã podre na fruteira, apodrece tudo o que está à volta. Quando se gera a dúvida, tudo o que a envolve balança. Se o próprio 'eu' balança, então balançam as palavras proferidas, balançam as atitudes, balançam os sentimentos...

"Creio no sol mesmo quando se esconde. Creio no amor quando não o sinto. Creio em Deus quando não o vejo".

E em mim? Acredito no meu 'eu'?

Citando Charles de Foucauld. «Meu Pai, eu me abandono a Ti, faz de mim o que quiseres.» Ensina-me a abrir o coração para deixar de viver meias vidas, instalada em falsas seguranças. Ensina-me a ser fonte de alegria e um rosto resplandecente. Ensina-me a pôr solenidade e riso em cada gesto. Ensina-me a reconhecer-me enquanto pecadora, capaz de reconhecer a necessidade de Ti. Ensina-me a olhar com verdade. Ensina-me a viver na certeza do amor que vem de Ti. Ensina-me a dar graças pela beleza da vida. Ensina-me a ser completa. Ensina-me a viver a partir de Ti. Ensina-me a dar pequenos passos, a travar pequenas lutas que me levem a horizontes mais largos, para que possa ser mais. Dá-me coragem para assumir os meus erros e para me colocar diante de mim. Dá-me, ainda, a coragem de despir-me das máscaras que cobrem o meu coração de pedra. Dá-me a coragem do abandono à Tua vontade. Dá-me a coragem de questionar "Who Am I?", para, assim, procurar respostas orantes. Dá-me coragem para aceitar aquele que é o meu 'eu'.


domingo, 20 de março de 2011

Deixem-me falar-vos do Impossível

«O tempo que temos é único que realmente existe. (...) Este tempo, o nosso tempo, com os seus defeitos e grandezas, é o nosso tempo, o tempo que nos foi dado para amar. Não para gostar dele ou aprová-lo, mas para o amar.»

«É na afirmação da sua fé que cada um se define a si próprio. Assim, a recusa da divindade é uma fé, tal como o negro está na pintura e a pausa faz parte da música.»

«Como é belo e feliz poder caminhar pela vida com os olhos fixos no Céu, numa amizade crescente com Cristo e com os irmãos! Como é grande saber que o tempo presente é passageiro e que a vida eterna é o nosso destino! Como é confortante esperar uma justiça definitiva que recompense sem falha os males e os bens. Como é doce sentir, mesmo no meio dos atrozes sofrimentos da vida, da perseguição ao martírio, a companhia do Crucificado que nos veio dar a mão no fundo do nosso abismo!»

"Deixem-me falar-vos do Impossível", João César das Neves




quarta-feira, 16 de março de 2011

Encontrei ao folhear o caderninho de apontamentos e desenhos, fica aqui o apontamento em jeito de oração...

"O Semeador veio semear,
entre nós Homens o Amor.
Abre o coração e compreenderás,
a Palavra do Senhor."

«Deixemos que Ele venha semear este Amor nos nossos corações e deixemos que Ele nos envolva, sendo "sal da terra e luz do mundo". Que saibamos ser quem Ele quer que sejamos e que, à luz do Seu Amor, nos tornemos santos, tendo Cristo como caminho, verdade e vida. Que saibamos aceitar o convite que Ele nos deixa "Toma a tua cruz e segue-Me". Que saibamos reconhecer na cruz um amor confiante, ousado e preserverante. Que, tal como Ele, saibamos abrir os braços para abraçar o mundo e aspirar às coisas do alto.
Saibamos, ainda, ser alegres no serviço. "Põe tudo o que és no que fazes, só assim poderás ser feliz!" Que esta seja a nossa vez de caminhar juntos para a felicidade do abraço do Pai.»


E deixo, ainda, um abracinho*

CAES

Estou por cima de toda a cidade, ouço somente a modos que os pássaros que cantam, através dos espanta-espíritos existentes.
No céu sobrevoam, de quando em quando, outros "pássaros", a outras escalas.
Está vento. No entanto, nem o vento, nem os espanta-espíritos afastam e levam consigo para longe os meus pensamentos. Antes os atraem e me empurram a mergulhar cada vez mais neles, afogando-me quando o ruído toma conta do silêncio do terraço.
O sol esconde-se. Mas ainda assim continuo a acreditar nele e no seu calor. Quando me toca a pele, assome à minha memória o aconchego dos abraços e, ao pescoço, a respiração das palavras sussurradas ao ouvido.
Atracção. Esta beleza de pensamento atrai-me. Deixa desperta a vontade de caminhar, de ir bem mais longe, bem mais fundo do sítio onde me encontro.
Hoje, neste espaço reduzido que atribuo ao meu coração, deixo margens brancas para que alguém ou Alguém possa continuar esta história. Também deixo espaço para as dúvidas e incertezas porque a partir delas, cresço.
E, agora, o que sobra?
Um pedaço de chão onde me deitar ao sol a sentir o morno do pavimento, um areal para caminhar à beira-mar e, por agora, dois pares de pegadas na areia, uma vez que, este caminho para o mais fundo, para o mais longe, para a santidade, é feito a dois.

sábado, 12 de março de 2011

O Deserto Inominável



O deserto é um silêncio depois do mar,
É o êxtase da luz sobre o coração da areia.
Vai-se e volta-se e nada se esquece.
Tudo se oculta para depois se dar a ver
No ponto em que os ventos se cruzam
E as almas gritam no fundo dos poços.
Os cestos sobem e descem prometendo água,
Uma frescura que derrete a febre.
Não são as tâmaras que adoçam a boca,
É a beleza das mulheres dissimulando
O desejo como um pecado sob a escuridão dos véus.
As serpentes assobiam ou cantam
Conforme o veneno que lhes molda o sangue.
Enroscam-se sobre as pedras
como fragmentos de lua à espera da manhã.
E a sombra alonga-se nas dunas
Ondulando rente às palmeiras
Como a última cobra do medo das crianças.
Não há ruído maior que este silêncio
Que se serve com tâmaras e com chá
Na mesa rasteira, sobre a terra molhada.
É no que não se nomeia que está o infinito.



José Jorge Letria
"Os Mares Interiores"
Teorema, 2001

quinta-feira, 10 de março de 2011

Descongelar

Por algumas horas, a pedra que saltitava voltou a tornar-se um coração frio. Fica um pouco de tristeza e desilusão pessoais e a certeza de um perdão muito amado :')

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ser diferente em Cristo

Uma partilha breve...

Somos diferentes em Cristo. E essa diferença está na alegria com que servimos. Não deixamos de ser jovens como os outros. O que escutamos é a Sua voz e cantamos em Seu louvor. Comunicamos com Ele, ainda que, a nossa "tecnologia" seja a oração. E lemos um grande obra,  Palavra de Deus. Ter Cristo como fonte de vida, torna-nos sementes de alegria e de serviço. Faz-nos confiar. "Confia no Senhor, sê forte e corajoso e confia no Senhor", Confiemos, então. Possamos parar e ganhar tempo para Deus. Reparemos que este caminho é feitro a dois e que Ele espera-nos de braços abertos e convida-nos a aceitar a cruz.

quarta-feira, 2 de março de 2011

[Deviantart]
 Um dia vou fazer aguarelas assim!