quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Quem morre?

"Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
 Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade."

Pablo Neruda

quarta-feira, 19 de junho de 2013

.Prefácio [de muitas coisas]

[…]
“É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente”

[…]

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

E responderam-me "Pensava que o teu nome do meio era FÉ!"

Os últimos dias/semanas/meses não têm sido fáceis. Ao mesmo tempo não encontro a razão e o porque de sentir que não estão a ser fáceis. Não encontro o que está na origem, na raiz do problema... Pôs-se a questão "Será que há, realmente, problema?". E eu vou rever e vou rezar e vou tentar "descomplicar" e "desstressar" e não saio do mesmo sítio e chego às mesmas limitações, às mesmas paralisias e não confio e sinto isto tudo uma bola de neve que se arrasta.
E depois, em conversa com alguém que tentava incutir-me "calma" e "cabecinha fresca", digo que "stress" é o meu nome do meio. E levo uma grande chapada de luva branca que me deixa a sorrir e me deixa a pensar "Pensava que o teu nome do meio era !"
E é como esse meu amigo me dizia também: tanto Cristinho para aqui e para ali e, afinal, stresso com esta facilidade parva e, no meio de tudo, também é preciso rezar estes "amocks". E não é que não reze, mas é aqui que me vou apercebendo, realmente, das minhas limitações... Se é o meu nome do meio, como é possível "esquecer-me" d'Ele tantas vezes? Como é possível entristece-Lo tantas vezes? Como é possível "esquecer-me" de Lhe confiar a minha vida, o meu trabalho, as minhas angústias? Como é fácil, na minha "dureza", "esquecer" que é a que me tem levado a bom porto, que é na que encontro suporte, que é pela que a minha vida é sustentada...

Volto à questão inicial: Quando é que tudo começa? Onde é que se inicia o problema? Onde começam as dificuldades? Na falta de aceitação? Na falta de confiança? Na falta de mim em mim? Na falta de ?