[…]
“É triste ir
pela vida como quem
regressa e
entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no
outono concluir
que era o verão
a única estação
Passou o
solitário vento e não o conhecemos
e não soubemos
ir até ao fundo da verdura
como rios que
sabem onde encontrar o mar
e com que
pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de
palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais
triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é
comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e
o domingo na tarde de novembro
e ter como
futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida
sem nenhuma infância
revendo tudo
isto algum tempo depois
A tarde morre
pelos dias fora
É muito triste
andar por entre Deus ausente”
[…]
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