sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Saudades dos ténis :P


Confesso que já sentia muitas saudades do meu "téni" esquerdo e do meu "téni" direito :P
Esta semana foi quase um reviver Madrid pelas dores nos pés e bolhas...
Mas sente-se o orgulho. Eu senti o orgulho de ser aspirante, senti o orgulho da minha praxe, senti o orgulho pela dor que a minha praxe me trouxe, senti o orgulho de trajar e de honrar o espírito académico... E, ainda que não tenha pertencido à comissão, também os sinto como meus caloiros e também me orgulho disso.
Orgulho-me dos afilhados que baptizei e de lhes ter dado as boas vindas aos melhores e aos piores anos das suas vidas na faculdade.
Esta semana foi louca... Quase sem paragens, correu a passos largos, foi cheia de "mimice" também :)

Obrigado a todos os que fizeram parte dela :)

sábado, 24 de setembro de 2011

Porque rezar, como rezar (Enzo Bianchi)

Reza sem cessar aquele que junta a oração aos deveres inadiáveis, e os deveres inadiáveis à oração. Só assim podemos pôr em prática o preceito «Rezai sem cessar» (1Ts 5, 17): se considerarmos toda a vida cristã como uma grande oração, da qual o que costumamos chamar oração é só uma parte.
Orígenes, A oração, 12,2

Por mais que possamos falar disso, todas as nossas palavras acerca da oração jamais se poderão igualar ao que a experiência ensina. A oração precisa de experiência. Oração é essencialmente fazer a experiência da presença divina. Fora desta experiência de Deus não há oração.
Matta el Meskin
L'esperienza di Dio nella preghiera, p. 371

«Até agora perguntávamo-nos: "O que é a oração?" Hoje, de repente, perguntamo-nos: "Ainda rezamos?"... Não sabemos mais se rezamos, e nem sequer se a oração ainda é possível. Porventura, demasiado fácil antes, ela parece hoje incrivelmente difícil. Hoje, como havemos de rezar, onde havemos de rezar?»
André Louy, Lo Spirito prega in moi, (pp. 10-11)

«à pergunta perplexa acerca do motivo pelo qual a fé, apesar de todos os esforços para a vivificar, esmorece num número crescente de cristãos, pode dar-se uma resposta muito simples, que talvez não contém toda a verdade, mas indica uma escapatória: a fé esmorece quando deixa de ser praticada... E essa práxis é a oração, em toda a plenitude do significado que este conceito comporta na Escritura e na Tradição.»
Gabriel Bunge, Vasi di argilla (p.9)

«Quando Jesus Cristo nos une à Sua oração, quando podemos fazer nossa a Sua oração, então somos libertos do tormento dos homens que não podem rezar. Mas é precisamente isto que Jesus Cristo quer para nós: Ele quer rezar connosco, quer que façamos nossa a Sua oração... Nós rezamos correctamente quandoa nossa vontade e todo o nosso coração se unem à oração de Cristo. Só em Jesus Cristo é que nós podemos rezar; e é também com Ele que aremos ouvidos.»
Dietrich Bonhoeffer, Pregare i Salmi con Cristo (pp. 64-65)

«Quando o Espírito estabelece a Sua morada no Homem, este já não pode deixar de rezar, porque o Espírito não cessa de rezar nele. Quer durma quer vigie, a oração não cessa nele; coma ou beba, durma ou trabalhe, o perfume da oração exala espontaneamente do seu coração. Então ele já não reza em horas determinadas, mas reza em todos os momentos. Mesmo o silêncio nele é oração e os movimentos do seu coração são como uma voz que, silenciosa e secreta, canta, canta para Deus.»
Isaac de Nínive, Prima collezione 35

«Jesus não só acolhe na oração tudo aquilo que é humano, mas ao mesmo tempo dá-lhe uma orientação nova, colocando-o directamente em relação com Deus... Ele encontra uma motivaação nova para falar de Deus. Para Ele, Deus não é a Majestade inacesssível, cuja Presença enche de medo ou de incompreensão; não é sequer o Absoluto, cujo afastamento e solicitude deixa o Homem completamente indiferente, mas é o Deus próximo, é o Pai que nos ama e de Quem devemos aproximar-nos com a simplicidade e a confiança de filhos. Na palavra "Pai" está todo o segredo da vida e da oração de Jesus»
Inácio de la Potterie, La preghiera di Gesù (p. 161)

«Suplicar a Deus para que conserve em nós o dom da fé, da luz que nos faz reconhecer em Jesus o Filho de Deus; exaltar a Deus que nos deu essa luz e os fez reconhecer a Sua realidade infinita, que se revelou no Seu Cristo: esta é a nossa vida. Toda a nossa vida, sem distinção de momentos, numa só unidade, numa só unificação. O Homem perfeitamente unificado chega a ser somente e incessantemente esta súplica e este louvor.»
Giuseppe Dossetti, L'identità del cristiano (p. 230)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Passo a passo

Tenho pensado que as pessoas podem não ser ou não são quem, realmente, pensamos ser ou quem, realmente, aparentam ser... Isto por causa de um livro 'delicode' que ando mais ou menos a ler. Não pegava neste livro talvez há anos, mas é daqueles livros que, quando retomamos a leitura, mesmo depois de anos, conseguimos saber, exactamente, em que ponto da história parámos. É daqueles livros que não desenvolvem, estão sempre a bater na mesma tecla e quando se chega ao fim fica-se com aquela sensação de "finalmente acabou, mas nem consegui perceber o porquê do título", isto porque a história é demasiado estranha...
Voltei a pegar neste livro, porque um ou dois dias antes tinha visto um filme que me relembrou parte da história.
O livro tem como personagem principal um arquitecto que tem sempre mil e uma coisas para fazer, mil e um sítios onde estar ao mesmo tempo e não vive além do trabalho, da empresa e dos prémios... Até ao dia em que decide oferecer um café a um mendigo que vive à porta da empresa. O mendigo muda a sua vida. Aliás, depois do café, o mendigo quase assume a sua vida. Além de outros pormenores estranhos, a história tem um que nunca percebi e chega a massacrar o leitor na tentativa de o explicar... O escritório do arquitecto, supostamente, funciona no décimo terceiro piso, mas esse piso não existe. Não consta dos botões do elevador, não consta na identificação do piso. Passa do décimo segundo para o décimo quarto piso, é como se existisse ali um buraco, sem ele, realmente, existir. A interpretação que faço disto é "aquele piso não existe porque as coisas e pessoas que 'habitam' nele também não existem. Assim, também arquitecto não existe porque era impensável alguém existir com aquela vida". Talvez o fim da história o revele. Não sei. E também não sei se algum dia chegarei a sabê-lo, porque o que me fez voltar não formam, nem os lindos olhos do arquitecto, nem as suas calças excelssamente engomadas, mas sim o mendigo... 

O mendigo apresenta-nos na história a sua visão do mundo. E se pensam que a sua visão é uma visão revoltada contra a sociedade onde sobrevive, enganam-se...
Este mendigo vive quase conformado com a sua situação, vive feliz a conhecer as pessoas pela sua forma de andar, pela marca dos sapatos, pela graxa com que engraxam os sapatos, pela cor dos atacadores... É assim, nesta simplicidade que conhece as pessoas. Não precisa de caras, nem de nomes... Pela forma de andar consegue tirar a "pinta" aos que por ali passam. Lembro-me de, quando comecei a ler o livro pela primeira vez, ter pensado que aquele homem e que a maioria dos mendigos do mundo, têm muito esta visão de cão... Se pensarmos bem os cães quando andam pelas ruas também só vêem sapatos, pés, formas de andar... Até em arquitectura isto é possível! Sabem aquelas janelas de cave que no exterior ficam rente aos passeios calcetados? Exacto, quem espreita através do interior delas também consegue essa visão de cão. Mas duvido que, quem espreite por elas e até mesmo os cães, tenham a sensibilidade deste mendigo. Não interessa o seguimento da história, porque é realmente entediante. Interessa apenas esta visão do mundo.

Lembrei-me disto quando vi "A Experiência Humana". Dois rapazes vão à procura de experiências humanas e de realidades diferentes das que vivem, uma delas passa por serem mendigos e viverem do nada. Dormirem na insegurança da ruas, no frio dos passeios, comerem o que tantas vezes não lhes dão, ou seja, nada...

E pergunto-me.
E nós?
Quantas vezes pensamos ser mendigos nas nossas vidas devassas apenas porque por momentos não nos compreendem, apenas porque nos dizem "não"?
E quantas vezes não somos realmente mendigos? Quando não tentamos conhecer, verdadeiramente, as pessoas à nossa volta e apenas nos deixamos deslumbrar pela sua 'forma de andar', apenas nos embevecemos com o que dizem ou como dizem e não levamos a fundo esse conhecimento?

O Senhor conhece as Suas ovelhas. Elas ouvem-n'O e reconhecem a Sua voz...
Até o cego de nascença na sua cegueira, soube reconhecer os pés do Mensageiro da Paz...

E nós nem nos damos ao trabalho de conhecer quem está ao nosso lado... Conhecê-los pela sua forma de andar, pela sua voz, pela sua alegria, pelos seus pecados, pelo seu silêncio...

Por isso me sinto feliz de conhecer o toque das chaves do meu pai ou da minha mãe, de saber distingui-los, de saber quando são eles ou são vizinhos que entram no prédio, de saber qual deles abre a caixa do correio, de saber quando são os tacões da minha mãe ou o passo coxo do meu pai...

Por isso sinto-me feliz de ser 'mendiga' e ter uma visão que passo a passo me leva a horizontes mais longíquos. Por isso me sinto feliz de ir conhecendo os que comigo caminham e que partilham as suas vidas comigo. Por isso me sinto feliz de amá-los na sua alegria, nos seus defeitos, nos silêncios, nas suas lutas...

Obrigado por nos deixares pegadas à beira mar para que saibamos reconhecer o Teu passo, o Teu caminho, mesmo na tribulação...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Peixes

Tela com aplicações em cartão prensado e ráfia

"Os Peixes mostram-se etéreos e misteriosamente charmosos, quase frágeis. Mostram, um nível de consciencialização que muitos desconhecem. Não são pessoas materialistas, entregam-se frequentemente de corpo e alma a causas que os outros vêm como perdidas, para eles não existe nada sem redenção.
Cheios de compaixão, a realidade em que vivem é tão verdadeira quanto a física. Possuiem uma paz interior invejável e conseguem manter-se calmos nas circunstâncias mais adversas. Visionários e muito sensíveis, respondem facilmente aos pensamentos e sentimentos dos outros. Conseguem perceber se os outros estão a passar por dificuldades, detectando a dor e sofrimento nas suas vidas.
Os Peixes escolhem muitas vezes dedicarem todo o seu tempo e energia a ajudar alguém desolado, e fá-lo sem pensar na recompensa. São capazes de se colocar nas condições mais indesejáveis para ajudar a libertar a carga de outros.
Os Peixes costumam ser bastante artísticos por natureza, virados sobretudo para a música e dança, mas também para a pintura, representação e outros. Nada egoístas e muito dedicados, fecham os olhos aos defeitos dos que amam.
Neptuno governa este signo mutável de água que tem como frase chave «eu acredito»."

Nem sempre é fácil possuir esta paz interior invejável, fechar os olhos aos defeitos dos que amamos, dançar...
Mas «eu acredito» e isso mantém-me viva!

Hoje, louvo-Te e Te dou graças por me manteres apaixonada e "aprisionada" ao Teu amor...

terça-feira, 13 de setembro de 2011


Andava eu na net à procura de coisas giras e encontrei uma t-shirt mesmo gira :P

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Só em Deus descansa a minha alma,
d'Ele vem a minha esperança.
Só Ele é o meu refúgio e salvação,
a minha fortaleza; jamais serei abalado"
[Salmo 62 (61), 6-7. 9]


É verdade, só em Deus andava a descansar a minha alma, mas, hoje, nem sei onde ela anda...

"Depois de muitas expectativas alimentadas na grande cidade, lá voltamos nós à nossa pequena aldeia da vida comum, com desalento e tristes." [ramodeamendoeira]

Depois das minhas ilusões alimentadas na grandeza deste Amor, lá volto eu à minha pequena pequenez, à minha pequena vida, aos meus pequenos horizontes que acabam na ponta do nariz... Pena o nariz não ser de Pinóquio...
Se calhar devia mendigar ao Senhor quartos de hora de compreensão, quartos de hora de fortaleza, quartos de hora de protecção, quartos de hora de um amor que nunca acabe...

Hoje, li qualquer coisa parecido com "se calhar Jesus é bem mais divertido do que o imaginamos". Quando a minha oração é de alegria consigo imaginá-Lo bem sorridente, bem amoroso. Quando na minha oração abunda aquilo que eu penso e não o que eu sinto, também não O vejo distante, vejo-O atento, próximo, vejo-O amar-me mesmo no meu pecado.
E sinto-O comigo... Naquele que vai entrando aos poucos, que vai caminhando comigo, que se alegra com as minhas alegrias e me levanta das minhas quedas, que 'manda vir' o perdão para que também eu possa ver o Senhor no alento renovado...

Olha Cristo, dou-te graças por este amigo e rezo por ele, pela sua caminhada, que seja cada vez mais firme, mais ousada e seja bem longa. Peço-te para que ele continue a iluminar-nos e a resgatar-nos dos nossos horizontes limitados.

Obrigado poe estar aqui. Junto.



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Testemunho JMJ

A Jornada Mundial da Juventude em Madrid, não é um acontecimento fácil de expor em palavras. De certa forma, a Jornada começa com a visita da cruz que, o agora beato, João Paulo II entregou aos jovens, para que desse a volta ao mundo, a Jornada começa quando se toma o peso dessa cruz já carregada por milhares de jovens, começa quando se sente o peso de uma parte da Igreja que me acolhe. No entanto, a verdadeira Jornada vive-se em Madrid, onde acontece a Igreja Universal.
Sinto que não parti com uma expectativa demasiado elevada, sinto até que não sabia o que esperar da Jornada Mundial. Madrid revelou-me uma semana cheia de tudo. Cheia de peripécias, de sustos, de cansaço e, sobretudo, cheia de amor, de atenção, dedicação e entrega...
No primeiro dia, visitei a exposição da Madre Teresa de Calcutá, na Casa das Missionárias da Caridade e, além do esplendor da vida da beata que me comove pela dimensão da simplicidade, retive, pelo que ia lendo nos painéis ao longo dos corredores, a imagem de uma fruta apodrecida numa fruteira. Naturalmente, essa fruta apodrecida aprodeceria as restantes frutas à sua volta e, aqui, comparo um pouco com a experiência de Madrid, houve momentos desagradáveis que poderiam ter “apodrecido” a semana, no entanto, isso não aconteceu... Esses momentos que foram surgindo apenas nos mostraram a firmeza da nossa fé.
Senti que, em Madrid, aconteceu magia. Senti o poder do amor de Deus actuar e tornar-se cada vez mais visível, mais fáil. Senti em cada olhar, sorriso e palavra uma manifestação desse amor. Senti como é bom continuar a crescer ao lado daqueles que partilham comigo esta magia, como é bom crescer nesta Igreja jovem presente nas ruas, nas praças, nos metros, nos comboios de Madrid.
Em Madrid, soube bem a dureza e a simplicidade. Soube bem a dureza do cansaço que contava a história de mais um pedaço de caminho. Soube bem aperceber-me da grandeza do beato João Paulo II, no espectáculo do Wojtyla. Soube bem rezar vésperas no meio da rua, soube bem a simplicidade dessas paragens para nos manterem em ritmo de oração. Soube bem adentrarmo-nos na confusão para ficarmos apenas mais próximos. Souberam bem as partilhas, à noite, na aparente quietude de Móstoles. De certa forma, começou a saber bem os contratempos, o pó do aerodromo, a chuva durante a Vigília, pela união que se criou. Soube bem, em cada dia, darmos as mãos ao rezar o Pai Nosso e sentir a enormidade do abraço da paz, apesar de só abraçar aquele que está junto de mim, é um acto que se torna uno, ali entre dois milhões de jovens.
De Madrid ecoam ainda as palavras do Santo Padre “Deixai que esta Palavra penetre e crie raízes nos vossos corações, e sobre ela edificai a vossa vida. Firmes na fé, sereis um elo na grande cadeia dos fiéis... A Igreja precisa de vós e vós precisais da Igreja”, chego a Portugal este desafio de radicar a minha fé em Cristo e a tornar-me cada vez mais firme na fé da Igreja alimentada pela Palavra de Deus.
Agora que recordo Madrid, lembro a agitação das ruas, lembro o cruzar-me com tanta gente desconhecida que esteve ali e que vive fortalecida pela mesma alegria que eu, lembro a “independência” responsável, a liberdade entrecortada pelo susto, a adrenalina da distância e do sentir perto. Agora, sinto Madrid como cidade de contraste, um contraste são, agradável. O contraste de querer estar fora, estando dentro, o querer partir e ficar...
De Madrid, retenho também o desafio de ser aquilo que devo ser e assim pegar fogo ao mundo inteiro, como concluia a mensagem transmitida no musical Wojtyla.
Na certeza desta fé mais firme, hoje confio ao Senhor, as palavras de Bento XVI na homília da eucaristia do envio no aerodromo de Quatro Ventos, “Jesus, eu sei que Tu és o Filho de Deus que deste a Tua vida por mim. Quero seguir-Te fielmente e deixar-me guiar pela Tua palavra. Tu conheces-me e amas-me. Eu confio em Ti e coloco nas Tuas mãos a minha vida inteira”.