domingo, 1 de maio de 2011

Voz do Silêncio

Na correria da minha vida, na correria das obrigações, das responsabilidades, dos afazeres, a própria correria como fuga talvez a mim própria, talvez à escuridão de alguns dias... Sei que mesmo nessa correria Ele caminha lado a lado comigo, sei que é um caminho feito a dois, mesmo que muitas vezes os meus olhos estejam como os destes dois homens "impedidos de O reconhecer".
Quantas vezes na minha vida, Ele não se faz presente e caminha, disfarçado, no meio da multidão?
Quantas vezes na minha vida eu páro para O admirar, para admirar a Sua grandeza, admirar a Sua entrega e, depois, à luz verde sigo. E tento que seja um seguir cada vez mais n'Ele e cada vez mais para Ele.
Mas porque é que sigo? Com ou sem rumo? Na esperança de ser libertada? De ser salva? Mas libertada de quê? Salva de quê?
Quem sabe libertada das "coisinhas" que não me deixam estar em paz, salva das "coisinhas" que não me deixam ser eu própria à luz desta verdade que é Cristo e que é o Seu amor na minha vida.
Quem sabe, libertar-me das meias verdades que não me deixam avançar. Libertar-me destas interrogações e procurar novas que me façam ir mais longe, onde estiver a vontade do Pai para mim, mas não interrogações de tal forma demasiadas que fique emergida em porquês que depois não me deixem dar um passo. Preciso de ser salva das minhas expectativas que me fecham os olhos à realidade e que forçam algo que não existe, algo que não vai existir...
E, quando a luz verde se acende, como é o meu seguir, o meu caminhar? Será um caminhar entristecido? Ou será um caminhar alegre mesmo no sofrimento? Será um caminhar para o Pai de braços abertos? Ou perante as dificuldades e agruras da vida baixo a cabeça, olhos nos pés e um passo de cada vez como que a "apalpar" terreno numa fé que digo julgar firme?
Esta rocha firme que é Cristo, este caminhar firme n'Ele e com a certeza de ser um caminhar com Ele não devia tornar-me feliz? E tornar evidente essa felicidade? Essa "Palermice"? Então porque é que, perante a perda, não me alegro por me reencontrar ou por encontrar algo não necessariamente melhor, mas só algo?
Quanto já perdi... Quantas oportunidades de emendar erros já perdi... Quantas vezes deixei escapar oportunidades de ser realmente mais feliz por não emendar o emendável? E quantas vezes olho para trás e o reconheço, apesar da voz lá atrás me dizer que o caminho é em frente?
É certo que o passado é algo nosso, é algo meu, não se torna, necessariamente, presente ou futuro, mas é algo inapagável, é algo que me tornou no que sou. E, com mais ou menos defeitos, "pela graça de Deus, eu sou o que sou". Mas quem é que eu sou? Lili Nabais? Eu quero ou melhor, eu desejo querer ser quem Deus quer que eu seja. Eu desejo querer aquilo que Ele quer de mim. Desejo querer que Ele me chame, me toque, me fale, ainda que no silêncio. No entanto, muitos dias são vividos na escuridão e, ainda que me aqueça com um pequeno mimo e que por momentos se faça um pouco de luz, eu sei que ainda não cheguei lá... Ainda não cheguei ao querer... Mantenho-me presa no desejo e avisto, talvez cada dia mais perto, então um passo de cada vez esse "querer" ardente que urge.

1 comentário:

  1. Prontooo... tou com um cadinho de inveja do teu fdsemana...
    obrigada por seres Lili e por marcares a minha vida ;-)

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