quinta-feira, 14 de abril de 2011

Jean Piérre

Esta semana, foi uma semana cheia de episódios estranhos, engraçados, como diria uma professora de História de Arte do secundário "muito exóticos!". E quando penso nesta questão do exostismo, da mistura, consigo, perfeitamente, adequá-la a esta semana.

Foi toda uma mistura de sensações. Alegria, entusiasmo, desânimo, irritação, confusão...

Hoje fizeram-me uma pergunta um bocado deslocada, sem estar, minimamente, à espera. Um colega de turma, que conheci no início do ano lectivo, perguntou-me:
"- Lili, és minha amiga?".
Ele já tinha feito esta pergunta a outros colegas, que numa de gozo ou, sei lá, de parvoíce lhe responderam que não. É verdade, que ele não é propriamente o tipo de pessoa que fale sempre a sério ou que tomemos como verdade tudo o que sai da sua boca. Mas aquela pergunta que caiu ali no meio daquela insólita aula de geometria soou a sincera e eu repondi "Sim!". No entanto, fiquei a pensar numa coisa que me disseram há dias: "Dentro de uma sala de aulas não há amigos" e, às vezes, quando olho à minha volta, quer nas aulas teóricas, quer nas aulas práticas, nem sempre vejo lá o confortável rosto de amizade... Mas consigo vê-lo nos nossos momentos Ice Cream Break, nos cafézinhos na esplanada da FA, nas horas de almoço partilhadas e nas escapadelas e intervalinhos das aulas. Claro que toda regra tem excepção!

Isto, associado a todos os episódios da semana e a algo que li sobre semáforos deixou-me a pensar...
Deixou-me a pensar que tudo é passagem. A vida é passagem. Mas se tudo é passagem, porque é que nos apegamos às coisas, às pessoas?

A Marioneta escrevia que quando o semáforo fica verde, pensamos:
"Uhuh!! ´Bora lá avançar! É a NOSSA vez!"

É a NOSSA passagem. Mas quando vivemos apegados a pessoas, não pode ser só a NOSSA vez, a MINHA vez!
Seria estranho, rídiculo até, que ao ficar verde, esperássemos e déssemos passagem aos outros, aos que se encontram no mesmo cruzamento que nós. Decerto os que circulavam atrás de nós não iam ficar muito satisfeitos... Quando "levamos" alguém connosco, esse alguém passa a ser importante. A NOSSA vez, a MINHA vez passa a ser também a SUA vez. E aí, a noção de que tudo é passagem fica distorcida...

Fiquei a pensar "Felizmente, existe o STOP!!" O Pára, Escuta e Olha. Aquele que dá oportunidade às vezes de todos e nos ensina a caminhar juntos.

Esta semana, foi também a semana de ver partir os amigos rumo às praias da linha de Cascais. Foi semana de ficar a ver o sol pela janela do quarto enquanto projectava, desenhava, estudava para a frequência. Foi semana de me irritar com as colegas de casa que ainda troçaram: "Lili, tens a certeza que não queres vir à praia connosco?", "Vamos sair, tens a certeza que não queres vir?" --'

Foi semana de entusiasmo pelas micro férias que aí vêm. Foi semana de desânimo por ver o trabalho acumular-se e instalar-se na confusão do quarto. Quarto este, que não é, literalmente, os cerca de vinte metros quadrados que partilho com a Sara.

Foi semana de ver crescer maquetes e spa's aqui por casa e nos estiradores da faculdade.

Foi semana de acontecimentos insólitos.
Daqueles que chegam e à semelhança de Um Maior, se fazem pequenos, mas no fundo, vêm cheios de si, das suas "verdades", do seu mundo, de relativismos e contrariedades. Daqueles que nos trazem a Luz e saem saciados. Aqueles que tanto querem partilhar que esquecem os outros e esquecem onde estão e esquecem que outros e que o sítio onde estão precisam de silêncio. Por esses, já que pelas ruas de Lisboa não anda decerto só aquele que agora conhecemos, desejo-lhes que Lhes fales ao coração e que deixem que ele se abra para que vivas junto deles.

Foi semana de me deixar invadir por ritmos e por permitir-me recordar que o ritmo se aproxima e que, com ele, se aproxima o cheirinho à "nossa" casa, se aproxima o sabor bom do Amor, o sabor bom da palermice, o encanto dos abraços, o encanto das palavras, o encanto de ser-se com verdade.

Desejo que Te mantenhas próximo, para que eu saiba viver na Tua verdade, na verdade da oração, na verdade do Teu caminho.

4 comentários:

  1. Foi a semana que passou depressa , pela pressa de querer ir para a Nossa Casa :)
    Foi a semana de o sentir nas conversas em esplanadas com a médica, nas conversas telefónicas com a Arquitecta.

    quero sabádo, quero-vos, quero-O!

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  2. ai como isto anda... tá tudo deserto para ir para Casa... e eu tb!
    esta semana foi semana de dar graças pelos amigos, de humor negro nos serviços de medicina e, infelizmente, de continuar a não conseguir abrir a ferida da oração... mas de me sentir amada mesmo na minha fraqueza...
    TN aguarda-nos ;-)

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  3. não sei por onde começar...
    na verdade não sei o que escrever...

    vim à procura de algo, e encontrei...
    um ser que se preocupa,
    um ser que entrega,
    um ser que ama, é atencioso mas também sofre...

    às vezes o "amarelo" não é mesmo nada giro,
    ele deixa-nos escolher e isso por vezes confunde...
    então neste embalo de palavras
    a lágrima teima em cair...
    e vejo adiado o encontro em casa,
    vejo de longe todos juntos,
    mas SINTO de perto o amor

    *-*

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  4. Penso que tocas-te nos pontos cruciais de uma caminhada...Sim é necessário andar,é necessário seguir em frente e não ficar na esquina há espera que tudo passe por nós pois não podemos ser apenas meros espectadores, temos de ser actores, participar activamente e a cada diz fazer mais e mais. Este espetáculo vai conceder-nos um desejo de realização pessoal porque ao mesmo tempo conheces-te a ti mesmo, um pouco mais a cada dia.
    Penso que foi dos post mais realistas que já escreveste (dos que já li), adoro a espontaniedade das tuas palavras e a forma como fazes a minha mente voar por entre imagens que as tuas palavras fabricam na minha mente.
    Penso que sim e concordo contigo quando dizes que temos de avançar, sentir a adrenalida e sabes o que é mais emocionante? É que nunca sabemos o que nos espera, trazendo uma diversidade de opcções deliciosas :D

    Adorote coisa boa :)
    Espero estar sempre presente nos teus momentos, se por ventura não estiver, sabes onde me encontrar: No teu coração!

    Amote

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