sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Ressurreição de Lázaro

No capítulo onze do Evangelho de S. João, deparamo-me com algumas frases-chave que me podem ensinar a viver a fé de uma forma mais firme, mais enraízada.

«Senhor, aquele que amas está doente.». A minha fé permite-me acreditar que Jesus não ama só aquele doente, não ama só Lázaro. Ama-nos a todos. Ama-me e, por isso, criou-me. Ama-me com as minhas “doenças”. E, numa breve comparação, revejo as minhas “doenças” em cada Evangelho da Quaresma. A doença da tentação, tal como Jesus fora tentado no deserto; a doença do não reconhecimento do Transfigurdo em certos momentos da minha vida, como no Evangelho da Transfiguração; a doença sequiosa d’Ele, da fonte de vida, como nos mostra a Samaritana; a cegueira perante o Filho de Deus que havia de vir ao mundo, como o Cego de nascença; a morte para a luz do mundo, como no episódio da Ressurreição de Lázaro, que tratamos neste Domingo. Ele ama-me, apesar de tudo isto. E, ainda assim, faz como fez a Lázaro (“O nosso amigo Lázaro está a dormir, mas Eu vou lá acordá-lo”), acorda-me, sendo que Ele é Ressurreição e Vida. Como nos diz o Evangelho, quem crê Nele, mesmo que tenha morrido, viverá. E, todo aquele que crê e vive Nele, não morrerá para sempre.

Quando sinto que Ele me acorda, quando O sinto trazer novas avalanches à minha vida, lembro-me da citação “Desperta tu que dormes!”, sinto-O dar-me um abanão e dizer-me “Desperta dessa escuridão, desse caminhar sem luz. Desperta desse tropeçar e caminha. Caminha direito na Luz do mundo”. Também neste Evangelho de S. João, encontro uma relação com este depertar, quando Jesus diz aos judeus “Desligai-o e deixai-o andar”.

“Senhor, onde moras? Vinde e vede.” Aqui, são os judeus que convidam Jesus “Vem e verás”.

O Senhor deixa-se conduzir por este “Vem e verás”. No entanto, essas poderiam ser, exactamente, as Suas palavras, «vinde e vede, sê-de testemunhas da ressurreição». No fundo, este caminhar do Messias rumo ao sepulcro de Lázaro é, também, um convite. Um convite a testemunhar a Sua glória.

Maria chora, os judeus choram, o proprio Cristo chora. Maria chora pela tristeza da separação inevitável. À sua semelhança, também nós choramos. Por muito grande que seja a nossa fé, a implacável ideia de morte não pode deixar de tocar-nos e transformar-nos, lembrando a nossa condição mortal.

Mas por que chora Cristo? Aquele que derrama lágrimas como os mortais é Aquele que, ao mesmo tempo, derrama sobre eles, uma vez mais, o Espírito que dá a vida! Então, “Felizes os que choram, porque serão consolados.” Consolados pelo amor que vem de Deus, do Cristo ressuscitado, do Cristo que liberta e dá vida, através do Espírito.

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