sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Torna-te aquilo que és (James Martin, SJ)

Excertos do livro "Torna-te aquilo que és", de James Martin, SJ.

«Para mim, ser santo, significa ser quem sou (...) a questão de descobrir quem sou e de descobrir o meu verdadeiro eu» (Thomas Merton, em Novas Sementes de Contemplação)

Quem é que tu queres ser?

O seu rosto parecia dizer-me: «Olha, eu sou feliz.»

«Porque havemos nós de passar a nossa vida a lutar por ser alguma coisa que nunca quereríamos ser, se porventura pudéssemos saber aquilo que realmente queremos? Porque havemos de desperdiçar o nosso tempo a fazer coisas que, se parássemos um pouco para pensar nelas, são precisamente o oposto daquilo para que fomos feitos?»

Andarmos a lutar por ser alguma coisa que nunca quereríamos ser quando «Nós só podemos tornar-nos quem somos se nos conhecermos a nós mesmos.»

«Antes de chegarmos a conhecer o verdadeiro eu, temos de nos confrontar com o falso eu que, habitualmente, passámos toda a nossa vida a construir e a alimentar.»

Este «falso eu», nada mais é que a pessoa que desejamos apresentar ao mundo. Uma máscara.

«No entanto, eu criara, ao longo de muitos anos, aquela personagem, aquele outro eu, que em meu entender, seria capaz de agradar a toda a gente (...) Esse falso eu tinha certezas acerca de tudo.»

«O nosso falso eu é aquele que nós julgamos ser. É a nossa imagem pessoal e a nossa aceitação social imaginárias, à qual a maior parte das pessoas passa a vida inteira a tentar corresponder - ou da qual passa a vida a tentar libertar-se.»

«Descoberta de mim mesmo ao descobrir Deus. Se eu O encontrar, encontrar-me-ei a mim mesmo, e se eu encontrar o meu verdadeiro eu, também encontrarei Deus». Por outras palavras, Deus quer que nós sejamos as pessoas para que fomos criadas: ser pura e simplesmente aquilo que somos, e, nesse estado, amar a Deus e deixarmo-nos amar por Ele. Trata-se, na verdade, de uma caminhada dupla: encontrar Deus significa deixarmos que Ele nos encontre. E encontrar o nosso verdadeiro eu significa permitir que Deus nos encontre e nos revele o nosso verdadeiro eu.

Ao longo desse processo, vamo-nos descobrindo gradualmente mais cheios de amor e generosidade, acreditando também que o próprio desejo de o fazer vem de Deus.
As nossas personalidades não vão sendo erradicadas à medida que vão sendo preenchidas; pelo contrário, vão-se tornando mais reais e, por fim, mais santas.

«Depois de termos aprendido a viver com o nosso verdadeiro eu, nunca mais conseguimos voltar a satisfazer-nos com a nossa falsa identidade: esta parece-nos completamente disparatada e superficial.»

Quem devo ser eu, afinal? Qual é o meu verdadeiro eu?
A busca do verdadeiro eu faz parte da tentativa de deixar que Deus nos conheça tal como somos.

Não preciso de ser ninguém, além de mim.

A vida de cada um é uma medida cheia de graças e bênçãos, bem como lutas e desafios.

2 comentários:

  1. Um dia li, por acaso, um típico livro de adolescentes e aquela passagem despertou-me à atenção.
    "Quando retiras a tua máscara?"
    Esta pergunta fez-me suscintar vários pensamentos, entre os quais:
    Será que verdadeiramente eu possui uma máscara? mas que tipo de máscara? será que o eu sou uma máscara? hmm...que estranho! então eu não sou eu! alto, paradoxo! Voltar atrás...
    Utilizo a máscara quando necessito...
    E pensando realmente nisto, sim concordo contigo, todos utilizamos uma máscara que, no meu entender, só é retirada quando nos sentimos seguros ou fora de perigo...
    A questão é: Quando ocorrem esses momentos?...
    Poderiamos estar aqui durante muito tempo a pensar sobre o assunto, contudo vamos apenas ficar mais confusos e chegar à conclusão que não somos verdadeiros..todavia quem disse que a máscara tem de ser uma coisa má?
    O que importa é a forma como a usamos e as ocasiões em que a usamos...por isso, penso que nunca nos deviamos de sentir culpados por representar-mos quem não somos, pois a máscara faz parte de nós :)
    Adorote!

    ResponderEliminar