Correr durante doze anos atrás de um objectivo, aparentemente, desconhecido não é de todo uma tarefa fácil, mas mais difícil é viver uma caminhada, sob o chamamento de Deus e não O escutar, nã o O seguir. Para mim, o mais difícil decerto seria virar as costas a uma fé que me move. Acredito que só é possível encontrar-me com Deus porque há um espaço. Um espaço que me abre a porta da vida interior onde me é dado o poder de ver mais longe que o meu olhar, poder entender o que a minha inteligência não alcança, poder escutar para além do que oiço. É aqui, neste espaço que aprofundo o amor. É aqui que cresce o encontro, a relação, a comunhão. É aqui que posso dar tempo à escuta da palavra que não é dita, mas que está lá. É aqui que posso dar lugar ao Mistério, que não entendo mas que acolho. É aqui que se torna possível, numa total confiança, o abandono e a entrega.
Aqui, no coração.
Só porque Deus habita no meu coração é possível não me perder. Só porque Deus habita no meu coração é possível viver na confusão. Só porque Deus habita no meu coração é possível não estar só, não conhecer a solidão e o vazio.
Ao longo deste caminho aprendi que dizer “SIM” é confiar a Deus as minhas alegrias, as minhas vitórias e confiar o que está fora do meu alcance e das minhas capacidades.
Esta preparação, além de me mostrar mais um pouco desta fé que pretendo viver, mostrou-me ainda aquilo que eu posso dar.

Para mim, a preparação para receber o sacramento da confirmação e receber os dons do Espírito Santo não teve a duração do último ano e meio, esta preparação já começou desde a minha entrada na vida cristã. Ao longo destes anos em que me desloquei semanalmente à catequese e à eucaristia cruzaram-se no meu caminho pessoas que ainda hoje percorrem a fé lado a lado comigo. Foi ao lado delas que me tornei naquilo que eu sou hoje. Acredito que o Senhor não as colocou na minha vida em vão, colocou-as na minha vida para que eu, agora confirmada na fé, faça delas a minha missão, a missão de amá-las e de as fazer felizes, tanto ou mais ainda do que me fizeram a mim.
Foi ainda durante esta preparação que surgiu uma oportunidade que esperava há muito tempo, que agarrei com toda a força e todas as expectativas que tinha não caíram por terra, ficaram completamente saciadas, aí o Senhor manifestou-se ainda mais e ganhou mais força no meu coração. Apesar de todas as interrogações que ainda hoje coloco é com a máxima segurança que digo “SIM” a este Deus que me estende sempre a mão.

Saber qual a sensação de ser cheia do Espírito Santo é algo que, os escrever este testemunho, ainda não sabia, tinha apenas uma leve sensação, um pressentimento que seria algo que a curto ou longo prazo iria dar os seus frutos e me faria imensamente feliz! Encaro o recebimento do Espírito Santo como um novo desafio que Deus coloca à minha frente, que pretendo agarrar com todas as forças e pôr ao serviço da Igreja.
Deus chamou-me e eu limitei-me atender o Seu chamamento! E fi-lo com total entrega.

Liliana Matos Nabais
29 de Novembro de 2009

Já foi há uns dias, mas continua a ser especial*